Quem sou eu

Minha foto
Médico Veterinário (UFRRJ-1964). MS em Microbiologia (UFRRJ, 1971) e PhD em Sanidade Animal (UFRRJ, 1997). Produziu cerca de 150 trabalhos científicos: os primeiros relatos sobre Cryptococose felina; primeiros isolamentos do Pithyum insidiosum de equinos; Nefropatia micotóxica suína, Aflatoxicose em suínos; anticorpos monoclonais anti aflatoxina e citrinina e estudos experimentais sobre citrinina em suínos. Prêmio de Pesquisa Avícola “Prof. José Maria Lamas da Silva” “Comenda do Mérito Veterinário” Instituto de Veterinária da UFRRJ; Honra ao Mérito Veterinário CRMV-RJ e Professor Emérito da UFRRJ. Presidente da Sociedade Latinoamericana de Micotoxicologia, Presidiu o I Congresso Latinoamericano de Micotoxicologia, RJ. Implantou o Centro de Micologia e Micotoxicologia e o Curso de Mestrado em Microbiologia Veterinária da UFRRJ. Autor dos livros: “Micotoxicologia: perspectiva Latino-americana” e “Micologia Veterinária” Na UFRRJ foi Professor Titular de Micologia e Micotoxicologia. Atualmente é Professor Titular da Universidade Estácio de Sá, responsável pela disciplina de Micologia Veterinária.

Pesquisar este blog

segunda-feira, 3 de junho de 2013



MICOTOXINAS




CAMINHÕES: Silos sobre rodas 



Manchetes de jornais em abril de 2013:
" Celeiro em xeque"
"Caos do campo ao porto" 

"No Brasil, 82% da soja são transportados por rodovias, 16% por ferrovias e 2% por hidrovias. Outro problema que o Brasil enfrenta é a falta de armazéns. A capacidade de armazenagem corresponde a 80% da safra. Nos EUA é de 120%. No Brasil, os produtores precisam escoar a produção rapidamente para que não apodreça, o que os leva a se submeterem a pressões da China, principal comprador da nossa soja."

"Fila de caminhões no Porto de Santos 
bate recorde e prejudica exportações."

"Caminhoneiros afirmaram que o percurso do final da fila até os terminais dura em média 12 horas. Na terça feira, a fila tinha alcançado 34 quilômetros."

Controle preventivo da contaminação de grãos por micotoxinas.


 Influência das condições de transporte sobre a proliferação de fungos toxígenos em grãos.

Estruturas reprodutivas (conídios) de diversas espécies de fungos toxígenos, especialmente algumas classificadas nos gêneros Aspergillus e Penicillium  são frequentemente encontrados na superfície dos grãos. Se os cuidados pós-colheita (secagem, transporte e armazenagem) forem feitos corretamente, esses conídios permanecerāo latentes por longos períodos. Entretanto, se ocorrerem condições propícias à sua germinação, como umidade elevada e temperaturas adequadas, haverá desenvolvimento de colônias fúngicas, tendo como consequências principais:

a) a deterioração dos grãos com perda de suas qualidades nutricionais;
b) a contaminação dos grãos com uma das diversas micotoxinas conhecidas.

A presença de micotoxinas em grãos, além de refletir negativamente sobre a exportação, causa importantes prejuízos à produção animal e à saúde humana.
Um país que tenha uma economia baseada na agropecuária e que deseje tornar-se economicamente estável, além possuir uma estrutura agrária capaz de manter uma contínua, crescente e eficiente produção de grãos, ele não pode prescindir de ter um sistema de transportes que seja capaz de levar, com segurança, toda a sua produção agrícola desde a fazenda até os pontos finais de estocagem e, é claro, não pode deixar de manter um sistema de armazenagem em constante expansão, capaz de armazenar toda a safra produzida a cada ano.
 Além das perdas  que ocorrem após a colheita e com a falta de tratamento adequado à grande quantidade de grãos colhidos anualmente, o Brasil também sofre grandes perdas entre a produção e a estocagem por causa do sistema de transporte que é impróprio. Por não dispormos de um sistema de transportes suficiente e eficiente, grande parte da produção é perdida ainda nas fontes produtoras ou durante os longos deslocamentos e durante demoradas esperas em filas nos secadores ou em pontos de embarques nos portos. 
De observações a nível de campo, com monitorações procedidas em transportes de grãos por rodovias, alguns aspectos merecem consideração, pois eles representam sérios riscos à qualidade dos produtos levados para a armazenagem:

a) as condições de transporte da matéria prima (arroz, milho, soja, etc.) são inadequadas e feitos de forma imprópria, propiciando o surgimento dos fatores favoráveis ao desenvolvimento de fungos;
b) falta capacitação técnica ao pessoal ligado à estrutura armazenadora.

Nos sistemas convencionais de transporte, o produto fica exposto à radiação solar ocorrendo, por causa disso, deslocamentos de ar quente em algumas regiões da carga, gerando gradientes de temperatura que favorecem a formação de correntes convectivas do ar intergranular. Essas correntes carreiam umidade que é condensada em diversos pontos da carga, criando focos de atividade de microorganismos e favorecendo o aumento das atividades fisiológicas do grão (respiração e germinação), além de facilitar a proliferação de fungos. Esta situação é comum ocorrer em diversas ocasiões durante o transporte: em paradas para refeições e descanso, espera em pátios de descarga, filas de portos ou engarrafamentos em estradas ou cidades, filas de espera em secadores de grãos, etc.



"Sistema de aeração em transportes de produtos agrícolas"


Preocupados com este problema, projetamos e testamos um "Sistema de aeração em transportes de produtos agrícolas" que introduz como novidade a injeção de ar através do produto transportado, mantendo homogênea sua temperatura e possibilitando a redução da umidade dos grãos. Desta maneira, pode-se prever o transporte do produto no veículo, em segurança, por longos períodos.



A. Descrição do sistema 
O sistema tem a seguinte configuração: uma tomada de força já existente na caixa de marchas do caminhão, um eixo de transmissão, o eixo Cardin, uma caixa de conversão de movimento com polia, uma correia e um ventilador centrífugo e um duto metálico perfurado, de comprimento igual ao da carroceria.

B. Funcionamento do sistema
Uma tomada de força acoplada à caixa de mudança transmite o movimento da mesma a um eixo “Cardin” que, por sua vez, o transmitirá  a uma polia que é ligada a um ventilador. Este irá se movimentar insuflando ar através de um duto perfurado colocado no fundo da carroceria do caminhão, que o distribuirá o ar entre a massa de grãos dentro do caminhão. 
O sistema de aeração em caminhões graneleiros assegura a qualidade do produto transportado dando condições adequadas aos mesmos de manterem suas características fitossanitárias e organolépticas ao manter homogênea a temperatura da massa granular, evitando assim a condensação de umidade em pontos comprometedores da carga.

                           
C. Operacionalidade do sistema
Na operação do sistema há baixo consumo de combustível porque ela sempre será realizada  com o caminhão funcionando em marcha lenta e em um período de tempo relativamente curto. Só enquanto ele estiver parado.
É comum um caminhão graneleiro viabilizar sua manutenção transportando outros materiais que não sejam produtos agrícolas. Quando for esse o caso, os dutos instalados na carroceria podem ser retirados e separados em módulos de mais ou menos dois metros.
A utilidade do sistema é incalculável, pois significa transportar produtos agrícolas mantendo sua qualidade e assegurando um transporte sem risco para a carga.

D. Dimensionamento do sistema
O sistema é dimensionado levando em consideração as características de fabricação do caminhão, a capacidade de carga de transporte e as características do produto transportado. As características de fabricação do caminhão tais como marca, modelo e distância entre a cabine e a carroceria fornecem as condições de instalação dos equipamentos e o tipo de tomada de força.
A capacidade de carga e as características do produto transportado são parâmetros importantes para dimensionamento do ventilador (vazão e pressão estática) e do duto perfurado (diâmetro e comprimento).


E. Teste comprobatório
A comprovação de funcionamento do sistema de conservação foi realizada utilizando-se dois sistemas de transporte, um equipado com o sistema de aeração e secagem e outro convencional, com o propósito de referência. No caminhão de referência, contendo milho, após duas horas de exposição ao sol, a carga apresentava temperatura que variava de acordo com a localização. Na parte superior da carga, a temperatura chegava a 45oC e na parte inferior, em torno de 20oC. O caminhão adaptado com o sistema de aeração e secagem, apresentava temperatura homogênea em toda a carga.


F. Vantagens
A novidade introduzida pelo sistema é a injeção de ar ambiente no bem primário transportado através de dutos dimensionados segundo as características do produto a ser transportado e segundo as dimensões físicas do meio de transporte, o que jamais havia sido utilizado em transportes de bens agrícolas.
As vantagens do sistema são:
1. Assegurar as qualidades fitossanitárias e organolépticas do produto transportado;
2. Economizar significativamente os derivados de petróleo requeridos para a aeração e secagem dos produtos agrícolas transportados;
3. Permitir que o produto permaneça com segurança no interior do veículo por longos períodos, em filas de espera para descarregamento ou transporte por grandes distâncias;
4. Possibilitar a fácil retirada do equipamento caso o sistema de transporte não necessite do mesmo.





Nenhum comentário:

Postar um comentário